De Clemente Nobrega para Época Negócios
- Como é possível saber se um produto novo, nunca antes imaginado, vai ter um mercado?
- Como você sabe se alguém vai querer uma geladeira?
- Um aparelho de ar-condicionado?
- Um rádio?
- Uma viagem aérea?
- Um computador?
- O que esses produtos ou serviços farão para o público consumidor?
- Como poderão ser distribuídos?
- E anunciados?
- E vendidos?
- Como se determina seu preço?
A história dos negócios/inovação/marketing é, claro, a história do lançamento de “novos produtos”. As perguntas acima tinham de ser respondidas para atrair um mercado de massas para eles, mas antes que pudessem ser respondidas ,tinham de ser formuladas. Antes que se pudesse formulá-las ,era preciso que houvesse alguém que pensasse de forma diferente...
Esse alguém é uma figura especialíssima no mundo dos negócios. É um indivíduo, uma pessoa.Chamam esse cara (geralmente é homem, mas a mulheres estão ganhando espaço) de EMPREENDEDOR.
É essencial entender a cabeça do empreendedor. Ele está longe de ser um cientista maluco, ou um inventor obcecado por uma idéia, ou um artista simplesmente apaixonado por sua obra. Ele é um cara que aceita correr riscos para produzir algo que “sabe”que o mundo vai querer,mas, para isso,tem de ter a garantia de que vai poder usufruir da recompensa. O empreendedor nunca, jamais, deixa de ter em mente a pergunta: “como vou comercializar esse produto? “.Olha, ele tem que GOSTAR DE VENDER, tem que ter “sangue na boca”. O sistema tem que garantir que ele possa vender e ficar com o resultado do seu esforço. Quem gera riqueza em qualquer parte do mundo, em qualquer sociedade, é o empreendedor. Propiciar a emergência do empreendedorismo é , para mim, a mais central prioridade para qualquer sociedade que queira crescer. Educação, estabilidade da moeda, instituições sérias, democracia …tudo isso é condição (é meio) para que o empreendedorismo surja. Pode haver progresso e riqueza sem algumas dessas coisas, mas não pode haver progresso e riqueza sem o empreendedor. A China nâo é democrática e está se desenvolvendo- incentivou explicitamente o empreendedorismo. A antiga União Soviética produziu uma elite educada de engenheiros, matemáticos ,técnicos de alto nível,mas não tinha empreendedores, porque o sistema não permitia. Foi-se. Este é o tema.
Numa população pequena, não é certo que surjam empreendedores. Numa população grande é. Na minha visão, empreendedorismo é uma propriedade estatística das grandes populações. Havendo muita gente,e existindo um mínimo de “condições certas” (garantias que assegurem que o cara vai poder usufruir do que conquistar) - algumas pessoas SEMPRE vão emergir como empreendedoras-(aquelas dispostas a correr riscos maiores)-mas essas são (proporcionalmente) muito poucas. EMPREENDEDORISMO NÃO PODE SER PARA TODO MUNDO-é para os extremos da curva de Gauss. Sociedades empreendedoras, que produzem continuamente riqueza nova, são sociedades onde a experimentação, o erro e o fracasso são desproporcionalmente maiores que em outros lugares. A maioria dos empreendedores não ganha mais do que sua contrapartida que está empregada em grandes empresas, em trabalhos seguros. Só quando acerta, ele arrasa a banca.Vocês acham razoável querer que todo mundo corra riscos assim?Eu não acho. Acho razoável encorajar o maior número possível de pessoas a agir com mentalidade empreendedora, e deixar que a estatística dos grandes números produza os vencedores (sabendo de antemão que serão poucos). Devemos é aumentar o tamanho da amostra dos que tentam. Para isso,o papel do estado e das instituições é central. São essas entidades que tem de criar as condições para que, cada vez mais,mais gente se sinta encorajada a empreender.
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