1) O processo de transformar uma idéia em uma empresa com produtos que atendam o mercado é muito complexo e muitos empreendedores não conseguem transformar suas tecnologias em negócios de sucesso.
2) Muitas tecnologias, mesmo as mais promissoras, não se tornam grandes sucessos comerciais. Algumas terminam como artigos acadêmicos, outras são esquecidas, umas usadas para fins diferentes do planejado, enquanto algumas exceções viram até peças de museus [JOLLY, 1997].
Ver em: JOLLY, V. K. Commercializing New Technologies – Getting From Mind To Market. Boston, Massachusetts: Harvard Business School Press, 1997.
3) Mesmo depois de ser criada e estabelecida, a Empresa de Base Tecnológica (EBT) ainda precisa de um desenvolvimento adicional de duas dimensões, (i) tecnologia e (ii) mercado [SHANE, 2004]. Isso porque, geralmente, nos estágios iniciais a tecnologia não se encontra em uma forma comercializável e o seu mercado foco ainda está sujeito a muita incerteza.
Ver em: SHANE, S. A. Academic Entrepreneurship: University Spin-offs and Wealth Creation. Aldershot: Edward Elgar, 2004.
4) Para apoiar esses empreendimentos, foram criadas as incubadoras e aceleradoras de negócios. Esses mecanismos se propõem a auxiliar EBT(s) no seu processo de consolidação como empresas estabelecidas no mercado.
5) A primeira incubadora de empresas nasceu na década de 70 nos Estados Unidos, com o objetivo de fornecer espaço para empresas se instalarem e se desenvolverem em uma região
[SHERMAN, 1999; BARROW, 2001].
Ver em: SHERMAN, H. D. Assessing the intervention effectiveness of Business Incubation Programs on Business Start-ups. Journal of Developmental Entrepreneurship, v. 4, n. 2, Outono/Inverno, 1999 e BARROW, C. Incubators: A Realist’s Guide to the World’s New Business Accelerators. Chichester, England: John Wiley, 2001.
6) Em outras palavras a incubadora é uma empresa que auxilia empresas iniciantes a se consolidarem no mercado, oferecendo suporte para transformar uma idéia/tecnologia em um negócio/produto de sucesso.
7) Muitos pesquisadores dividem as incubadoras em vários tipos distintos, pois existem empresas com objetivos e missões completamente opostos apesar de serem todas elas incubadoras.
8) Sherman [1999] divide as incubadoras em três categorias gerais: (i) empowerment, (ii) technology e (iii) mixed-use.
- A primeira engloba as incubadoras de regiões onde existe alto índice de desemprego e falta de trabalhadores qualificados.
- A segunda é composta por incubadoras de empresas criadas a partir do desenvolvimento de uma tecnologia e geralmente ocorre dentro de universidades.
- A terceira envolve muitos tipos de empresas, produção leve e pesada, construção,
vendas, serviços e outros.
9) Grimaldi e Grandi [2005] apresentam dois conceitos:
- os Centros de Inovação em Negócios (BIC – Business Innovation Centres), cuja atividade de incubação consiste em oferecer um conjunto de serviços básicos às empresas incubadas, incluindo espaço, infra-estrutura, canais de comunicação, informação sobre oportunidades externas de financiamento, etc.
- as Incubadoras de Empresas de Universidades (UBI – University Business Incubators). Essas são similares às BIC(s), mas dão mais ênfase na transferência de conhecimento
científico e tecnológico das universidades para empresas.
Ver em: GRIMALDI, R.; GRANDI, A. Business incubators and new venture creation: an assessment of incubating models. Technovation, v. 25, n. 2, p. 111-121, 2005.
10) As BIC(s) caracterizam-se pela capacidade de redução de custos de iniciação para iniciativas empreendedoras, com alvo em mercados locais, procurando visibilidade e contatos regionais, requerendo pequena quantidade de capital para começar e valorizando a provisão de ativos logísticos.
11) As UBI(s). caracterizam-se pela capacidade de reduzir os custos de iniciação para iniciativas empreendedoras baseadas no conhecimento, geralmente pequenas iniciativas com alvo em nichos de mercado nacionais ou locais.
12) Para Barrow [2001] a missão da maioria das incubadoras públicas, incluindo as de universidades, é a criação e a sobrevivência de empresas, e que os negócios fiquem
e cresçam perto de onde foram criados. Assim, mais empregos podem ser gerados a partir da incubação.
13) Mian [1996] divide os serviços prestados pelas incubadoras em três categorias:
- Serviços administrativos (e.g. foto copiadora, telefone, fax, internet, sala de conferência, computadores, recepcionista, sala de lanche ou cafeteira, etc).
- Serviços gerenciais e rede de contatos (e.g. financiamento público, plano de negócio, regulamentação empresarial, obtenção de capital, marketing, contabilidade, contratação de pessoal, contato com fornecedores, etc).
- Serviços universitários (e.g. imagem da universidade, laboratórios, estudantes, funcionários, consultoria de professores, biblioteca, contato com programas de
P&D, programas de transferência tecnológica).
Ver em: MIAN, S. A. Assessing value-added contributions of university technology business incubators to tenant firms. Research Policy, v. 25, p. 325-335, 1996.
14) As formas de retribuições/contrapartidas que as pequenas empresas iniciantes têm para oferecer às incubadoras são:
- Aluguel pago pelo espaço utilizado;
- Participação acionária;
- Doações, depois que as empresas atingem estabilidade [CASTELLS e HALL 1994].
15) Apesar da evidente evolução dos programas de incubação das empresas, ainda é necessário questionar a real eficiência dos mesmos por meio de parâmetros para avaliação do sucesso dessas instituições. Até o momento não se sabe ao certo se a eficiência de uma incubadora deve ser avaliada quanto a:
- Geração de novos empregos;
- Taxa de sobrevivência de empresas iniciantes;
- Lucro [ver, por exemplo, SHERMAN, 1999 e MIAN, 1996].
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