domingo, 13 de junho de 2010

Um presente para os recém-formados.

Tradução do texto A Gift for Grads: Start-Ups de Thomas L. Friedman por Fernanda Grabauska.


Se você tem um filho ou uma filha que se forma na universidade este ano (nos EUA), você provavelmente me entenderá. Quando encontrar os formandos, é melhor não perguntar:– Ei, o que você vai fazer no próximo ano?Muitos não têm resposta. Não conseguem achar empregos relacionados a suas áreas de atuação. O tema da formatura deste ano é o seguinte: “Não pergunte. Não posso responder”.
Devemos algo melhor para nossos jovens – e a solução não é tão complicada, embora seja incrível o quão pouco é discutida em Washington. Precisamos de três coisas: novas empresas, novas empresas e mais novas empresas.
Bons empregos – em grande quantidade – não vêm do governo. Vêm de pessoas que assumem riscos ao iniciar um negócio – empreendimentos que tornam as vidas das pessoas mais saudáveis, mais produtivas, mais confortáveis ou mais divertidas, com serviços e produtos que possam ser vendidos ao redor do mundo. Não se ser a favor de empregos e contra os negócios.
Infelizmente, as relações atuais entre o governo Obama e as empresas estão tensas. Não estou falando de Wall Street, que merece os açoites de Obama. Mas de pessoas que produzem e vendem coisas. Estou falando de empreendedores e inovadores. Um número surpreendente deles me disse que havia votado em Obama, e agora estão infelizes. Muitas das críticas são injustas. Obama nunca conseguiu o merecido crédito por estabilizar a terrível economia que herdou. E as empresas nunca gostarão de alguém que aumenta o imposto de renda, especialmente para pagar pelo plano de saúde de outras pessoas – mesmo que isso seja o interesse da nação.
Dito isso, acho que parte das reclamações da comunidade empresarial a respeito de Obama tem mérito. Apesar de haver muitas iniciativas de “inovação” em seu governo, não são bem coordenadas nem promovidas por líderes versados. Esse governo está pesadamente preenchido de acadêmicos, advogados e tipos políticos. Não há uma pessoa experiente que já administrou uma grande empresa ou vendeu em escala global um novo produto inovador.E isso explica, parcialmente, por que esse governo tem se interessado em empurrar impostos, gastos sociais e regulações – e não expansão comercial, competitividade e formação de novas companhias. Inovação e competitividade parecem não interessar Obama. Mas essa estratégia poderia ser útil para o seu governo.
O que isso poderia incluir? Perguntei a duas das pessoas mais competentes nesse assunto, Robert Litan, vice-presidente de pesquisa e políticas da Fundação Kauffman, especializada em inovação, e Curtis Carlson, presidente executivo da SRI Internacional, especialista em inovação baseada no Vale do Silício.
Carlson disse que começaria por criar um gabinete para promover inovação e competitividade, para assegurar que os EUA permaneçam como “o novo formador de líderes empresariais no mundo”. A “Secretaria das Novas Companhias” teria entre as atribuições diminuir impostos corporativos em início de negócio, reduzir regulamentos custosos e expandir brechas fiscais para pesquisa e desenvolvimento.
Litan afirmou que grampearia um green card (visto de residência permanente) ao diploma de cada estudante estrangeiro que se formasse em uma universidade americana e pressionaria para um novo visto para empresários (o atual, o EB-5, requer US$ 1 milhão de capital, que poucos empresários estrangeiros têm). Garantiria residência temporária para qualquer estrangeiro que viesse ao país para estabelecer uma companhia e residência permanente se essa empresa gerasse certo nível de novos empregos em tempo integral e lucros. Uma das melhores ações, acrescenta Litan, seria um acordo orçamentário de longo prazo que lidasse com os pagamentos da seguridade social dos baby boomers (nascidos depois da II Guerra Mundial). Provar ao mercado de ações que temos, em termos fiscais, nossa casa em ordem a longo prazo manteria baixos os juros no futuro e, assim, “encorajaria o investimento privado mais do que qualquer corte em impostos”.
Não obstante, eu também cortaria os impostos sobre ganhos de capitais, de 15% para 1%, para qualquer negócio lucrativo. Quero que nossas melhores mentes ganhem muito mais abrindo novas empresas do que indo trabalhar em Wall Street para ganhar muito apostando contra companhias que já existem. Também imporia imposto sobre carbono e o equilibraria com um corte nos tributos em folhas de pagamento e taxas corporativas. Vamos taxar o que não queremos e encorajar o que queremos.
– Por sorte, este é o melhor tempo para inovação – disse Carlson, por três razões:Primeiro, embora a competição seja cada vez mais intensa, nossa economia abre enormes novas oportunidades de mercado. Segundo, a maioria das tecnologias – já que são crescentemente baseadas em ideias e bits e não em átomos e músculos – estão melhorando em percentuais exponenciais. Terceiro, essas duas forças – enormes mercados competitivos e veloz mudança tecnológica – estão abrindo uma ótima oportunidade depois da outra. É um tempo de abundância, não de escassez – assumido que fazemos as coisas certas com uma verdadeira estratégia de crescimento nacional. Se não fizermos a coisa certa, rapidamente se tornará um mundo de escassez.

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