sábado, 13 de fevereiro de 2010

Henry Chesbrough recomenda ação, educação e “circulação de cérebros”

Fonte: HBR Brasil

Um dos autores do artigo “Como a inovação aberta pode ajudar em tempos difíceis”, Henry W. Chesbrough esteve no Brasil em 22 de outubro durante um evento promovido pela empresa brasileira Allagi, especializada em inovação aberta. Esta foi sua segunda visita ao País. Na primeira, no ano passado, também a convite da Allagi, o especialista lançou a semente para a criação do Open Innovation Center do Brasil (centro de inovação aberta do Brasil). Lançado oficialmente em maio deste ano, o centro brasileiro é uma espécie de filial do criado por Chesbrough na Haas School of Business, da University of California em Berkeley, nos EUA, onde ele é professor e pesquisador. Aqui, Chesbrough assumiu neste ano o posto de chairman tanto do centro quanto da Allagi. Leia abaixo a entrevista exclusiva concedida pelo professor à HBR Brasil, sobre as oportunidades de inovar abertas às empresas brasileiras.

Que conselhos o senhor daria hoje aos líderes das empresas brasileiras sobre inovação aberta?
No Brasil não houve uma crise financeira como nos Estados Unidos e na Europa. A boa notícia, claro, é que não teve crise; a má notícia é que talvez haja menos urgência de inovar e mudar. Então, eu acho que, para o Brasil, o importante é não se tornar complacente; as coisas estão bem, mas precisam continuar a prosperar, para não ficar para trás. Os concorrentes se tornarão mais fortes globalmente quando saírem dessa recessão realmente difícil, o que significa que a competição global será mais acirrada daqui para frente. Então, acho que as empresas brasileiras devem aproveitar o momento para se tornarem mais e mais internacionais, exportar mais tecnologias criadas aqui no Brasil, e também para se tornarem parte da comunidade global de inovação, dividindo e colaborando com empresas tanto no País quanto fora.

Este é o objetivo do Open Innovation Center Brasil: ajudar as empresas brasileiras a se engajarem neste movimento?
É um deles. Acho que o primeiro de todos os objetivos é fomentar uma compreensão maior sobre inovação aberta nas universidades e escolas de negócios brasileiras, e ajudar a criar uma comunidade acadêmica para estudar inovação aberta, pesquisar onde ela existe e já funciona, onde não vai tão bem, identificar exemplos no Brasil que estejam mostrando que pode ser mesmo útil e efetiva, e dividir com outras empresas. Com isso, pretendemos engajar as companhias brasileiras também nessa comunidade, com as universidades e também entre si, criando uma comunidade brasileira. Por último, queremos criar uma comunidade internacional, entre escolas brasileiras e internacionais e entre empresas brasileiras e estrangeiras. Como se vê, a agenda é muito ambiciosa.

Com certeza. O senhor já teve a chance de conhecer empresas brasileiras que estejam praticando inovação aberta? Poderia dar alguns exemplos?
Eu estive pela primeira vez no Brasil pouco mais de um ano atrás, quando conheci algumas empresas. Duas delas eu conheci melhor, Natura e Omnisys Engenharia (subsidiária da Thales, empresa francesa do setor de defesa), e elas pareciam muito interessadas no assunto, começando a desenvolver projetos específicos que iriam gerar alguns resultados úteis e interessantes. E agora eu encontrei as empresas muito mais interessadas e mais ativas, o conceito está começando a se tornar mais presente, parte do pensamento inovador dentro da empresa agora. Então, antes, um ano atrás, inovação aberta era uma ideia e uma experiência; agora já está madura para ser parte do processo nessas empresas.

O senhor acha que as empresas brasileiras têm muito que aprender, em termos de inovação, com as multinacionais instaladas aqui?
Eu acho que a economia brasileira está crescendo a partir de suas fortes bases naturais para uma base de conhecimento para a economia do futuro, que eu acho que vai dar uma prosperidade maior, melhores condições de vida para as pessoas, e aprofundar a integração entre o Brasil e a comunidade econômica global. Acho que as universidades e companhias brasileiras têm muito que aprender com as estrangeiras, e vice-versa. Veremos cada vez mais contribuições do Brasil para o mundo, é uma via de mão dupla.

Como economia emergente, em desenvolvimento, temos mais oportunidades de inovar do que as desenvolvidas?
Acho que uma das maiores vantagens que o Brasil tem é que as soluções desenvolvidas aqui podem ser exportadas para muitos países, que podem não ter condições de comprar tecnologias caríssimas do Japão e dos EUA, mas podem estar muito interessados nessas tecnologias do Brasil, que têm potencial até de estar mais de acordo com suas realidades, além de custar menos. É de países como o Brasil que virá a maior parte do desenvolvimento mundial nos próximos dez anos. O País está muito bem posicionado para atender bem a novas demandas e oportunidades de crescimento ao redor do mundo.

Que setores da economia brasileira podem se destacar no cenário mundial, em termos de inovação? Biocombustíveis, por exemplo?
Claro! Inclusive a ideia de usar carros bicombustíveis é daqui — e em qualquer hipótese, no futuro, carros não dependerão mais de fontes de energia não renováveis como as petroquímicas, mas de eletricidade e biocombustíveis e outras fontes de energia. E o Brasil já é um líder nessa área, não apenas em questão de tecnologia, mas também na sua aplicação. Por isso, acho que é um modelo promissor, que pode ser copiado por outros países também.

Quais são as maiores oportunidades de inovação para o Brasil?
Acho que o caminho do desenvolvimento para o Brasil é atrair mais investimentos em educação da população. Porque na medida em que a sociedade caminha de uma baseada em recursos naturais para uma sociedade do conhecimento, o padrão de conhecimento da população fica mais e mais crucial. Uma oportunidade posterior para o País seria atrair mais estudantes estrangeiros para conhecer a cultura local, para aprender português. O Brasil, como sociedade, é muito atraente. Então, acho que não seria nada difícil convencer as pessoas a virem. Agora, com a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016, o Brasil ocupará um espaço cada vez maior na cena frontal do palco mundial. E essa é uma grande oportunidade para o Brasil, como também seria interessante enviar brasileiros ao exterior para estudar outros lugares. Essa circulação de cérebros do Brasil para economias mais desenvolvidas, e depois de volta ao Brasil de novo, é fundamental para fomentar a inovação.

Por que as empresas estão mais e mais interessadas em inovação?
Não por idealismo, mas por necessidade, pela concorrência e pela globalização, que vêm acabando com as possibilidades de imitação e passividade.

Por que inovação aberta?
A propriedade intelectual, ideia que ganhou força no século passado, vem sendo substituída pela colaboração na cadeia de valor, do começo da invenção até sua comercialização, é mais produtivo. Na verdade, não precisamos entrar em um jogo de tudo ou nada, a propriedade intelectual pode ser restrita à criação, mas desenvolvimento e venda podem ser compartilhados, por exemplo. Estudos realizados por grandes multinacionais como a Procter & Gamble mostraram que 90% das patentes desenvolvidas em seus laboratórios eram inutilizadas, não iam para frente, não geravam produtos nem serviços para serem comercializados. Por isso, a colaboração com outras empresas é importante. Mas a decisão da empresa vai depender do seu objetivo principal, se gerar receita ou distribuir seus produtos de forma mais ampla. Um bom exemplo é o setor de software. Já existem vários desenvolvidos e distribuídos de graça pela internet.

Como surgiu o movimento pela inovação aberta?
Os estudantes de universidades de ponta tiveram papel relevante. Muitos são contratados como estagiários de grandes companhias e são os grandes canais para troca de conhecimento entre ambas — escolas e empresas. As últimas descobriram que essa era uma maneira rápida e barata de ter acesso às grandes novidades pesquisadas em diversos campos da ciência. O surgimento das redes sociais (Orkut, Facebook, Twitter, LinkedIn) alavancou ainda mais a inovação aberta. Não é à toa que a maioria das empresas inovadoras estão no ramo de tecnologia. O problema, porém, é a falta de um modelo eficiente para geração de receitas.

Existe algum outro setor ou perfil de empresa mais apto, ou que esteja mais à frente no uso dos conceitos de inovação aberta?
A princípio, pequenas e médias empresas são as que começam o processo. O segredo da inovação aberta é a especialização, baseada em conhecimento. E agilidade também é muito importante.

Como ficam os departamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nessa nova realidade?
Devem parar de brigar para ser os protagonistas de toda inovação e assumir um novo papel, assumir a responsabilidade de integrar, conectar os vários departamentos da empresa entre si e também conectar-se com empresas e universidades e departamentos de P&D de fora. Na verdade, a inovação aberta pode alavancar o P&D — e vice-versa.

– Léa De Luca

Os Dez Mandamentos de Guy Kawasaki

Ano passado postei um vídeo sobre Guy Kawasaki aqui no Blog, abaixo postamos um resumo dos seus “Dez mandamentos” publicado pelo Wharton-Universia

  1. Ofereça sentido, e não dinheiro. “Como capitalistas de risco”, disse Kawasaki, “lidamos com muitas empresas que, via de regra, nos dizem aquilo que acham que gostaríamos de ouvir: como ganhar dinheiro. Pela minha experiência, a maior parte das empresas fundadas sobre o conceito de ganhar dinheiro costuma não dar certo. Elas atraem o tipo errado de sócio e de empregado.” Em vez disso, diz ele, o empreendedor deve se preocupar em fazer com que seu produto ou serviço signifique algo mais do que a soma dos seus componentes — e do dinheiro que poderá vir a ganhar. Kawasaki chamou a atenção para o tênis aeróbico da Nike dirigido ao público feminino, e como foi que a empresa fez dele mais do que apenas “duas peças de algodão, couro e borracha produzidas em condições relativamente suspeitas no Extremo Oriente”. Com uma publicidade inteligente em que mostrava como as mulheres sempre foram julgadas e avaliadas, a Nike “pegou um conjunto de US$ 2,50 de matérias-primas e o transformou em símbolo de eficiência, poder e libertação. A empresa produz sentido por meio de sapatos. Grandes empresas são geradoras de sentido.” Não há dúvida de que a Apple fez isso com o Mac, com o iPhone e outros aparelhos.
  2. Trabalhe com um mantra, e não com uma missão. Declarações insípidas e genéricas sobre a missão da empresa — “oferecer produtos e serviços de qualidade superior para nossos clientes e para a comunidade por meio de liderança inovadora e parcerias” — são boas apenas para o consultor contratado para desenvolvê-las, disse Kawasaki. Em vez disso, prefira a concisão e defina a si mesmo com base naquilo que você quer significar para o cliente. A Nike oferece um “desempenho atlético autêntico”; a FedEx promete “paz de espírito”. Para que todos, dentro e fora da empresa, estejam unidos em torno do mesmo propósito, explique a eles a razão de ser da empresa e de que maneira ela atende às necessidades e aos desejos dos clientes.
  3. Pule as curvas. Inovar é mais difícil do que ficar simplesmente um pouco à frente da concorrência na mesma curva. “Se sua empresa fabrica impressoras de margarida, o próximo passo não é a introdução do tipo Helvética em fonte de tamanho diferente. Seu objetivo deve ser ‘pular’ para a produção de impressoras a laser”, disse Kawasaki. Isso é mais fácil de fazer em algumas empresas do que em outras. O empresário disse que nos tempos anteriores à refrigeração, a indústria do gelo era formada por gente que pegava gelo nas regiões de clima frio usando cavalos, trenós e serras para ‘colher’ o gelo durante os meses de inverno. Em 1900, um total de 4.536 toneladas de gelo foram produzidas desse modo. Depois veio a era do ‘Gelo 2.0’ — surgiram fábricas que produziam gelo em qualquer lugar. O ‘homem do gelo’ entregava o produto em estabelecimentos comerciais e nas casas. Por fim, chegamos à era do ‘Gelo 3.0’: a geladeira caseira. É claro que nenhuma daquelas pessoas que colhia gelo foi para as fábricas que passaram a produzi-lo, assim como nenhuma das fábricas migrou para a indústria de geladeiras. Isto se explica pelo fato de que “a maior parte das empresas se define por aquilo que faz”, disse Kawasaki, “e não pelo ‘benefício que gera para o cliente’. A verdadeira inovação aparece sempre que pulamos as curvas, e não quando nos esforçamos para melhorar 10% ou 15%”.
  4. Trabalhe com designs exclusivos. Introduza características que não fiquem no trivial. Kawasaki citou uma das ideias que considera mais inovadoras: as sandálias Fannin Reef, que trazem um abridor de garrafas incorporado ao desenho da sola. Há designs igualmente inteligentes, como o da lanterna BF-104 da Panasonic, que comporta pilhas de três tamanhos diferentes. Desse modo, as pessoas não terão dificuldade em escolher uma pilha em meio a várias de tamanhos diversos que costumam ter em casa. Há designs que são completos, porque não se esgotam no produto: oferecem também suporte e serviço. Elegância também é fundamental, diz Kawasaki. “Toda empresa deveria ter um CTO — Chief Taste Officer, ou diretor de ‘gosto’”, disse. Também não pode faltar emoção. “Bons produtos produzem emoções fortes: basta lembrar da Harley Davidson, do Macintosh.”
  5. Não se preocupe em produzir um produto perfeito. Isto não significa fazer um produto ruim, e sim que “a inovação poderá conter elementos não muito bons”, disse Kawasaki. Há uma porção de coisas erradas no Twitter, mas ele está mudando o hábito das pessoas. O primeiro Mac tinha muita coisa para ser melhorada, mas ele deixou claro como seria o futuro da computação pessoal, e não precisou esperar muito por isso.
  6. “Cutuque” as pessoas. Sempre que você tenta dar conta de tudo para todo tipo de pessoa acaba resvalando para a mediocridade, disse Kawasaki. O Scion xB da Toyota, com seu estilo “caixotão”, pode parecer feio para algumas pessoas, mas para os fãs é sensacional. O TiVo faz sucesso, apesar de deixar louca de raiva a indústria da publicidade.
  7. Não impeça as flores de brotarem. Parafraseando Mao, Kawasaki disse que não sabemos onde vai surgir uma flor. Devemos simplesmente permitir que ela brote. As inovações poderão atrair clientes inesperados e imprevistos. Foi o que aconteceu ao creme para pele “Skin-so-Soft” da Avon, que acabou fazendo sucesso como repelente de mosquito. A regra número 1, disse Kawasaki, consiste em “conseguir o dinheiro. Regra número 2: descobrir quem está comprando seu produto. Pergunte a essas pessoas por que o estão comprando e dê a elas outras razões para comprá-lo. Isso é muito mais fácil do que perguntar às pessoas por que não estão interessadas e, em seguida, tentar mudar seu modo de pensar”.
  8. Agite, meu amigo, agite sempre. Nunca deixe de melhorar seu produto ou serviço. Ouça as ideias dos consumidores. Não é fácil, diz Kawasaki, porque o inovador ou o empreendedor deve sempre ignorar o conselho dos negativistas e dos simplórios, para quem quase tudo é impossível. Depois de feito, quando o produto chega às mãos do consumidor, é hora de começar a receber o feedback.
  9. Escolha o seu nicho. Encontre seu lugar, insistiu Kawasaki. Em seguida, apresentou um gráfico simples de coordenadas X e Y com os quatro quadrantes costumeiros onde se viam as variáveis “Exclusividade” e “Valor”. Um produto ou serviço não precisa ser exclusivo para gerar valor. Foi assim, disse, que a Dell ganhou participação de mercado vendendo computadores. No quadrante esquerdo inferior do gráfico Kawasaki colocou várias pontocom surgidas em fins dos anos 90 sem nada de especial umas em relação às outras. Eram empresas de baixo valor e sem inspiração. Já no quadrante superior direito estavam os produtos e serviços exclusivos e de alto valor. Ali estavam a empresa online de ingressos de cinema Fandango e a companhia de cartões Clear, que pode agilizar a passagem do usuário pela segurança dos aeroportos. “O canto superior direito é a parte mais cobiçada do mercado”, disse. “Ali há produção de sentido. Também é ali que se ganha dinheiro, que se faz história.”
  10. Siga a regra do 10-20-30 sempre que estiver tentando convencer um capitalista de risco. Em outras palavras, não use mais de 10 slides do PowerPoint, restrinja sua fala a 20 minutos e utilize uma fonte de tamanho 30 na sua apresentação (para mantê-la simples). O objetivo desse tipo de apresentação não é voltar para casa com um cheque na mão, disse, e sim “não ser descartado”.

Mergulho na Mente do Jovem Empreendedor

Transcrição do post de Alexandre Silva do Blog Gravata Solta

Estava lendo uma matéria na revista época Negócios onde se discutia sobre o “Mergulho na Mente do Jovem Empreendedor”, nesta matéria tiveram dois pontos que me chamaram a atenção:

Estes jovens não focam em dinheiro,
Eles focam no negócio e por um mundo melhor, dinheiro acaba sendo consequência.

Durante a minha carreira profissional tive a oportunidade de conhecer vários empreendedores e dava para notar que eles pensam exatamente desta maneira.

Tive a oportunidade de conhecer a alguns anos atrás o Alexandre, proprietário da Chocolataria Cacau Show, e o mesmo me disse que começou a sua empresa com apenas US$ 500,00, e hoje conta com mais de 530 unidades franqueadas distribuídads em 350 municípios, tornando-se uma das maiores rede de lojas de chocolate do mundo e faturando anualmente mais de 100 milhões de reais. Provavelmente quando ele iniciou o seu projeto ele não tinha como objetivo ter um faturamento de 100 milhões e sim ser reconhecido como o proprietário da maior rede de franquias do mundo. (Assim acredito)

Poderia aqui relatar vários empreendedores e eles não estão só em chocolatarias, confeitarias e restaurantes, conheço também muitos empreendedores corporativos, eles seguem este mesmo modelo mental, ou seja, focam em resultados e em pessoas e desta forma vão ganhando o reconhecimento das empresas e atingem posições elevadas dentro das cias.

Para mim está comprovado que o caminho para o sucesso é fazer o que se gosta e juntamente a isto melhorar a vida das pessoas que trabalham com você. Esta receita pode ser que não lhe traga rapidamente dinheiro, poder e fama, mas certamente lhe trará uma construção sólida para o sucesso.