domingo, 15 de maio de 2011

Empreendedor, você é um maluco

Fonte: Pequenas Empresas, Grandes Negócios.


Se você é um empreendedor, deve ter ouvido muito a pergunta: você está doido? A verdade é que os empreendedores não são muito normais. Segundo o psiquiatra americano John D. Gartner, da prestigiosa John Hopkins Medical School, os empreendedores – especialmente os de tecnologia – têm uma disfunção psiquiátrica chamada Hipomania. Ela pode ser reconhecida pela hiperatividade, tagarelice, diminuição da necessidade de sono, aumento da sociabilidade, desejo por atividades físicas e prazerosas, aumento da libido e muita impaciência. A Hipomania, diz Gartner, pode ser um dos motivos do sucesso dos empreendedores.


“Os hipomaníacos são carregados com uma energia contagiante, têm confiança irracional e ideias grandiosas. Eles pensam, falam e tomam decisões rapidamente. A seu ver, qualquer um que tente diminuir seu ritmo com perguntas simplesmente não entende nada”, diz Gartner.


No plano dos negócios, esse exagero pode ser uma vantagem. O humor elevado do hipomaníaco é capaz de inebriar a si mesmo e a outras pessoas, deixando todos com sensação de poder e capacidade de realizar tarefas. Essa excitação motiva as outras pessoas a se empenharem mais e geralmente conduz ao sucesso da empreitada.


A capacidade de correr riscos talvez seja a característica hipomaníaca mais marcante nos empreendedores. Em vez de desilusões e inseguranças, o hipomaníaco/empreendedor confia que seu produto é tão atraente que ele vai inspirar pessoas a apostar fortunas em algo que ainda não existe nem nunca foi vendido.


Gartner, que é também autor do livro Hypomaniac Edge (Limite Hipomaníaco), diz que, apesar da probabilidade de muitos empreendedores terem hipomania, eles não são considerados pacientes mentais. “Há diferentes ‘níveis de loucura’. Se você é um maníaco, vai pensar que é Jesus. Se é um hipomaníaco – uma gradação bem mais leve – vai pensar que é o presente de Deus para os investidores de tecnologia”, afirma.


Muito interessante tudo isso, mas que serventia têm todas essas informações? Autoconhecimento é uma delas. Entender os padrões de comportamento pode ajudar a fortalecer aqueles positivos e amenizar os negativos. Paixão, empenho e confiança são fundamentais, mas devem ser equilibrados com toques de realismo. Ou não. Se é para correr riscos, melhor não ter amarras? Cada um tem sua própria resposta. O mais importante é saber detectar as atitudes prejudiciais. Os hipomaníacos têm o costume de acusar de perseguição aqueles que discordam deles. Muitas vezes são arrogantes demais. O retrato parece um pouquinho com o Mark Zuckerberg pintado no filme a Rede Social, não? E você, empreendedor, como se percebe?


Para ajudar na tarefa, Gartner fez uma pesquisa com empreendedores e perguntou quais sintomas de hipomania eles percebiam em si mesmos e em seus pares. Eis o que empreendedores e hipomaníacos têm em comum:


1 – São cheios de energia

2 – Transbordam ideias

3 – São focados, incansáveis e incapazes de ficar quietos

4 – Canalizam a energia para conquistas de grandes ambições

5 – Geralmente trabalham com pouco sono

6 – Sentem-se brilhantes, especiais, escolhidos e até, talvez, destinados a mudar o mundo

7 – Podem ser muito eufóricos

8 – Irritam-se com os menores obstáculos

9 – São tomadores de risco

10 – São intensos na vida pessoal e profissional

11 – São impulsivos sexualmente

12 – Podem agir impensadamente, com dolorosas consequências

13 – Falam rápido

14 – São divertidos, espirituosos e agregadores de pessoas

15 – Têm uma confiança que os torna carismáticos e persuasivos

16 – São mais inclinados a fazer inimigos e a se sentir perseguidos por aqueles que não aceitam seu ponto de vista

domingo, 1 de maio de 2011

Teremos um apagão de empreendedores?

Muito tenho escutado sobre os apagões no Brasil. Pessoalmente percebi o apagão dos empregos na década de 80, o da energia elétrica em 2001 e os problemas da gestão do tráfego aéreo em 2006. Já ouvi falar de outros apagões como o da celulose, da capacidade de processamento de cana oda Defesa Civil em muitos municípios e o da mobilidade na cidade de São Paulo. No entanto o que me realmente me preocupa é o apagão de material humano de qualidade. Estou começando a achar que o nível de gente profissionalmente preparada, ética e empreendedora no Brasil está abaixo da marca. Para nossa sorte, esse problema não é exclusivamente nosso, por outro lado está difícil de ver inovações e ações concretas por parte dos gestores públicos das diferentes esferas.

Para começar me questiono: em um mundo globalizado, é facilmente perceptível que lugares que estão indo bem tendem a ser cosmopolitas, são tolerantes aos "forasteiros", são hospitaleiros e naturalmente se vê gente de tudo quanto é lugar. A vinda dessas por outro lado se dá por vários motivos, em especial, oportunidades e mais oportunidades, um esforço em ampliar as facilidades para explorá-las e um ambiente, que para o bem comum, tende a gerir de forma efetiva riscos de toda natureza, minimizando-os. As pessoas e o capital ficam naquele bat-local por nada mais, nada menos, que um período que valha a pena correr o risco da inércia.

Existe gente que percebendo esses fenômenos tentam "desembrulhá-los" para formatos mais facilmente e universalmente compreensíveis. Como exemplos poderia citar diversos estudos mas um que me chama atenção há alguns anos é o Global Competitiveness Report (GCR). A edição 2010-2011 pode ser consultada aqui.



É importante que não levemos esse tipo de estudo a "ferro-e-fogo"... Os gringos às vezes tem uma visão "de frente para o mar e de costas para o Brasil" própria de quem se limita à Brasília e às grandes capitais (convenhamos que alguns compatriotas compartilham desse tipo de falha..). Mas por outro lado, "a verdade que sai da boca do rabugento não deixa de ser verdade...", daí a necessidade de aproveitar as alfinetadas e fazer uma boa auto-crítica. Recentemente a Fundação Dom Cabral, uma das colaboradoras do estudo, aproveitou e fepublicou um documento contendo uma análise da performance brasileira GCR. Vale destacar que o país perdeu duas posições em relação ao período 2009-2010 (de 56 p/ 58). Respeitando as devidas particularidades quando comparados aos colegas do BRICs ficamos bem atrás da China (27, mas Hong Kong está em 11), Índia (51) África do Sul (54), ficando a frente apenas da Russia (63). Entre os demais países latino-americanos continuamos atrás do Chile (30), Porto Rico (41), Panamá (53) e Costa Rica (56) mas a frente do Uruguai (64), México (66) Colombia (68), Argentina (87), Bolívia (108), Paraguai (120) e Venezuela (122). Entre os países lusófonos ficamos atrás de Portugal (46) mas a frente de Cabo Verde (117), Moçambique (131), Timor Leste (133) e Angola (138).



Levando em conta a existência de diversos "Brasis", me chamou a atenção da matéria das 45 cidades mais inovadoras do Brasil, publicada na semana passada no site da Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Piracicaba e outras cidades paulistas estão lá entre as 45 cidades mais inovadoras identificadas no estudo que o Instituto Inovação fez com base em dados do IBGE, MCT e INPI.






As cidades citadas não me causaram grande surpresa. Em determinados eventos direcionados ao público que lida com empreendedorismo, inovação e propriedade intelectual, sempre encontramos seus embaixadores. Realmente muitos exemplos de boas práticas poderiam (e oportunamente serão) listados em posts futuros. Mas apesar de já ter tido a oportunidade de conhecer muitos exemplos de boas práticas em cidades do interior de São Paulo, cidades como Santa Rita do Sapucaí (37.784 hab) , Itajubá (90.679 hab), Joinville (515.250 hab), Curitiba (1.746.896 hab), Florianópolis (421.203 hab) merecem mais atenção dos gestores paulistas. Estão conseguindo interessantes resultados com poucos recursos. O segredo? Antevisão, gente competente e motivada e sobretudo, planejamento.




Ao voltar a pensar em Brasil e seus apagões sempre tento identificar como outros países estão lidando com os desafios de um mundo que ao globalizar-se, gerou uma série de novos desafios tanto para o cidadão comum como para os gestores do mais alto nível.



Presidente Barack Obama em 31 de janeiro deste ano lançou a iniciativa Startup America. Tradicionalmente tantos e tanto empresários compraram a promessa do sonho americano de que se você tiver uma boa idéia, confirmar que se trata de fato de uma oportunidade e estiver disposto a trabalhar duro, você terá sucesso neste país". Os EUA entendem que ao facilitar o cumprimento desta promessa, os empresários também podem contribuir enquanto empreendedores, um papel fundamental na expansão da economia e geração de empregos.

Nesse sentido o Startup América é uma iniciativa da Casa Branca para celebrar, inspirar e acelerar o empreendedorismo em todo o país.


Startups são motores da geração de empregos. Dessa forma a idéia é apoiar os empreendedores de todas as áreas e partes do país. Áreas como energia limpa, medicina, tecnologia da informação e outros domínios inovadores que irão construir as novas indústrias do século 21, e sanar alguns dos mais difíceis desafios globais.



O presidente Obama advertiu a importância de tanto o governo federal quanto o setor privado contribuirem para a prevalência e o sucesso dos empreendedores naquele país.

Primeiro, a administração Obama está lançando um conjunto de iniciativas políticas empreendedor com foco em cinco áreas:
1. Simplificação do acesso ao capital
2. Mentoring
3. Redução das barreiras regulatórias
4. Aceleração da Inovação
5. Desencadeamento de novas oportunidades de Mercado

Nesse esforço líderes do setor privado lançaram o Startup America Partnership, uma aliança independente dos empresários, empresas, universidades, fundações e outros líderes, cujo propósito é adicionar "combustível" às startups inovadoras, de áreas de elevado crescimento dos EUA.

Várias ações estão articuladas. Desde facilitar a obtenção de vistos, como o já comentado Startup Visa Act de 2011. O Start Up Visa foi inspirado em propostas semelhantes que surgiram no Reino Unido e Chile. O Canadá está trabalhando em proposta semelhante.




Nesse sentido ficam algumas reflexões:




  1. E o Brasil?



  2. Será que nosso estoque de empreendedores e profissionais qualificados está ajustado às proclamadas demandas que são anunciadas para os próximos anos?



  3. O quanto que instituições de pesquisas brasileiras foram beneficiadas por receberem pesquisadores estrangeiros nas décadas de 30-50?



  4. Quantas etapas de projetos de C&T&I foram abreviadas pela experiência de profissionais estrangeiros?



  5. O ritmo do processo de internacionalização do ensino e pesquisa das universidades brasileiras está compatível com as suas primas de chinesas e indianas?



  6. Em que medida a qualidade do ensino fundamental e médio públicos comprometerá o mar de oportunidades que temos pela frente?



  7. Quais cidades brasileiras estão se preparando para apresentar resultados menos vexatórios em testes como o PISA?



  8. Será que dá para conciliar melhoria no ensino público (ou seja, o seu vizinho terá uma oportunidade tão boa quanto o seu filho) e atração/retenção de talentos (mesmo que isso signifique ser empregado de um "forasteiro" sem se sentir constrangido social/politicamente?