terça-feira, 15 de abril de 2025

Do Incômodo à Invenção: A Jornada Real de Quem Cria Soluções

Ao contrário do que muitos pensam, inventar não exige genialidade — exige atenção às oportunidades, curiosidade e persistência.

Grandes ideias geralmente surgem da necessidade de resolver algo incômodo no cotidiano. Abaixo, veja exemplos reais que ilustram como problemas simples geraram soluções transformadoras.


Post-it® – Esquecer a página nunca mais

Problema: Um funcionário da 3M queria marcar páginas de um hinário sem danificar o papel.
Solução: Aproveitou uma cola fraca (originalmente considerada um "erro" de laboratório) para criar um papel reposicionável.
Impacto: Produto mundialmente usado por milhões, com patente e linha completa derivada.


Velcro® – A semente do prendedor

Problema: George de Mestral se incomodava com sementes de carrapicho grudando na roupa e no pelo do cachorro.
Solução: Usou um microscópio para entender a estrutura das sementes e replicou o princípio com tecido e ganchos.
Impacto: Criou o famoso sistema de fechamento usado em roupas, mochilas, equipamentos militares e espaciais.


Zíper – Mais rápido que botões

Problema: Botões eram lentos e incômodos para roupas e botas.
Solução: Desenvolveram um sistema de dentes metálicos interligados com um cursor.
Impacto: O zíper se tornou indispensável em vestuário e equipamentos.


Cinto de segurança retrátil

Problema: Cintos fixos eram desconfortáveis e pouco práticos — pouca adesão.
Solução: Mecanismo retrátil que ajusta automaticamente o comprimento.
Impacto: Aumentou a adesão ao uso e se tornou padrão global.


Cortador ondulado de batatas

Problema: Batatas escorregavam ao cortar e ficavam visualmente sem graça.
Solução: Lâmina ondulada que gera textura estética e melhor aderência para temperos.
Impacto: Virou padrão em batatas chips e legumes gourmet.


Roomba – O aspirador robô

Problema: Pessoas com pets e rotinas intensas não conseguiam limpar a casa com frequência.
Solução: Robô autônomo que mapeia o ambiente e aspira sozinho.
Impacto: Iniciou um novo segmento no mercado de eletrodomésticos inteligentes.


Válvula de descarga dupla

Problema: Gastar água desnecessariamente para pequenos resíduos.
Solução: Duas opções de descarga: uma com baixo volume de água.
Impacto: Economia hídrica significativa em residências e comércios.


Caneta esferográfica

Problema: Tinta de caneta-tinteiro borrava e exigia tempo de secagem.
Solução: Esfera giratória na ponta que libera a tinta de forma controlada.
Impacto: Escreve em qualquer posição, sem borrões, e dura mais.


Fone de ouvido intra-auricular

Problema: Fones tradicionais eram grandes e escorregavam durante caminhadas.
Solução: Fones que se encaixam diretamente no canal auditivo.
Impacto: Revolucionaram o consumo de música portátil.


Dispenser de sabonete com sensor

Problema: Necessidade de higiene sem tocar superfícies (ex: hospitais).
Solução: Sensor de presença que libera o produto automaticamente.
Impacto: Popularizou-se com a pandemia; virou padrão em locais públicos.


Chuveiro de mão

Problema: Dificuldade em lavar áreas específicas do corpo, crianças e pets.
Solução: Chuveiro móvel com mangueira flexível.
Impacto: Padrão em banheiros modernos e hotéis.


Envelope com tira autoadesiva

Problema: Precisar lamber ou usar cola líquida para selar envelopes.
Solução: Tira com adesivo sob proteção removível.
Impacto: Redução de erros e sujeira; popular em escritórios.


Aparelho de barbear descartável

Problema: Lâminas tradicionais exigiam afiação constante e eram caras.
Solução: Modelo leve e de baixo custo, descartável após alguns usos.
Impacto: Facilitou o acesso à higiene pessoal.


Sensor de ré em carros

Problema: Dificuldade de visualizar obstáculos ao dar marcha a ré.
Solução: Sensores sonoros e, depois, câmeras integradas.
Impacto: Redução significativa de acidentes urbanos.


Garrafas com infusor de frutas

Problema: Adicionar sabor à água sem bagunça era difícil.
Solução: Compartimento interno para frutas ou ervas.
Impacto: Estimulou hábitos mais saudáveis com praticidade.


Nível a laser

Problema: Dificuldade de alinhar com precisão usando níveis comuns.
Solução: Feixe de laser que projeta linha reta.
Impacto: Facilitou reformas, obras e decoração com alta precisão.


Caneca térmica com tampa

Problema: Café esfriava rapidamente e derramava no transporte.
Solução: Caneca com isolamento térmico e tampa.
Impacto: Popular entre trabalhadores e estudantes.


Mala com rodinhas

Problema: Carregar malas pesadas era desconfortável.
Solução: Rodinhas embutidas e alça retrátil.
Impacto: Mudou a forma como viajamos.


Saco coletor para fezes de cachorro

Problema: Dificuldade (e nojo) ao recolher fezes durante passeios.
Solução: Saco plástico descartável acoplado a suporte prático.
Impacto: Estímulo à responsabilidade ambiental urbana.


Óculos com filtro azul

Problema: Fadiga ocular causada por exposição prolongada a telas.
Solução: Lentes com filtro para luz azul.
Impacto: Tornou-se comum entre profissionais digitais.


Sabonete líquido com espuma pronta

Problema: Sabonete líquido exigia esfregação prolongada.
Solução: Dispensers que liberam espuma formada.
Impacto: Mais economia e eficiência, especialmente com crianças.


Colher térmica para sorvete

Problema: Sorvete duro ao sair do congelador.
Solução: Colher que transmite calor da mão à superfície.
Impacto: Mais facilidade no uso e menos esforço.


Martelo com removedor de prego embutido

Problema: Era preciso outra ferramenta para tirar pregos tortos.
Solução: Entalhe funcional na parte de trás do martelo.
Impacto: Design que virou padrão em ferramentas manuais.


A equação da invenção

Problema real + observação aguçada + ideia funcional = Potencial de invenção


Pontos para reflexão

  1. A observação de situações práticas não resolvidas é o primeiro passo para inventar.

  2. Esteja atento às “dores” do dia a dia: ferramentas que quebram, tarefas repetitivas, processos ineficientes.

  3. Anote tudo. Uma ideia esquecida é uma oportunidade perdida. Mantenha um caderno de invenções.

  4. Evite esperar por uma ideia revolucionária. Melhorias simples também são patenteáveis — e muitas vezes mais lucrativas.

  5. Ouça as reclamações: o que familiares e colegas desejam que fosse diferente? Isso é matéria-prima.


De ideia a invenção

A diferença entre ideias e invenções é simples: ideias são abundantes; invenções exigem execução.

Para virar invenção, sua ideia precisa:

  • Ser funcional (não apenas teórica)

  • Ter forma clara de implementação

  • Resolver um problema específico

  • Poder ser descrita tecnicamente


Sobre o processo criativo

  • Dê tempo ao tempo — sem cair na procrastinação

  • A solução pode surgir em um banho, caminhada ou ao acordar

  • Cultive o silêncio mental

  • Alterne foco intenso com pausas

  • Confie na intuição — ela melhora com prática


Antes de pensar em patentes, pense como um solucionador de problemas.
Anote, teste, observe — e prepare-se para o próximo passo: documentar sua invenção de forma segura e legal.


E você? Já teve uma ideia que resolveria um problema real, mas não sabia como desenvolver?
Compartilhe nos comentários — sua experiência pode inspirar outras pessoas (ou você mesmo em outro momento).


segunda-feira, 14 de abril de 2025

Pesquisador: Cogita Patentar Sua Invenção nos EUA? Comece Por Aqui.

Entendendo as Patentes e Outras Formas de Propriedade Intelectual nos Estados Unidos da América.

“Antes de proteger sua criação, é essencial conhecer as armas legais à sua disposição.”

Estamos vivendo tempos turbulentos. Acusações de violação de propriedade intelectual circulam há anos, amplamente divulgadas pela mídia. Hoje, vemos a maior economia do mundo tentando recuperar sua capacidade de manufatura. Afinal, não basta inovar — é preciso controlar toda a cadeia: criação, produção e comercialização.

Nesse contexto, surgem debates sobre tarifas, guerra comercial e soberania industrial. Mas se observar com atenção, perceberá que a propriedade intelectual é o fio invisível que costura tudo isso.

Embora estejamos falando sobre o sistema dos EUA, muitos desses princípios se aplicam em diferentes países, incluindo o Brasil, onde as leis de PI também são essenciais para quem deseja proteger suas invenções.

É sobre isso que vamos falar neste post. Boa leitura.

 

 O Que é Propriedade Intelectual e Por Que Ela Pode Ser a Chave para o Seu Sucesso?

A exemplo de outros países, a legislação americana define a Propriedade intelectual (PI) como tudo aquilo que nasce da mente humana e tem valor: ideias, invenções, marcas, obras artísticas, fórmulas, processos industriais, entre outros. A lei oferece formas de transformar essas criações em direitos legais exclusivos, que permitem ao criador controlar o uso comercial da sua obra.

Existem cinco tipos principais de proteção por PI:

  1. Patentes – para invenções técnicas (produtos, processos, máquinas, etc.).

  2. Marcas – para nomes, logos e símbolos que identificam produtos ou serviços.

  3. Direitos autorais (copyright) – para obras criativas como livros, músicas, filmes e software.

  4. Segredos industriais – para informações confidenciais com valor comercial (ex: fórmula da Coca-Cola).

  5. Concorrência desleal – para proteger aparência de embalagens, nomes comerciais e slogans criativos.


“É importante lembrar: a ‘proteção’ oferecida por uma patente não é um escudo passivo, mas uma espada legal — cabe a você usá-la para defender sua criação.”

Uma das lições centrais é que patentes e outros direitos de PI não são proteções passivas, mas ferramentas ofensivas. Ou seja, ninguém vai automaticamente impedir cópias da sua invenção — cabe a você ou sua empresa processar ou negociar com quem infringe seus direitos.


Mas afinal, O Que É uma Patente?

Uma patente é uma concessão do governo que dá ao inventor o direito de excluir outras pessoas de fabricar, usar, vender ou importar sua invenção por um tempo determinado (normalmente 20 anos para patentes de utilidade).

Para ser patenteável, a invenção precisa ser:

  • Nova (não deve haver evidências de que a criação, dispositivo, máquina, fórmula não existisse antes)

  • Utilidade

  • Não deve ser uma derivação óbvia para alguém com conhecimento técnico na área onde está inserida.

  • Enquadrada em uma das categorias legais (máquinas, processos, composições, etc.)


Tipos de Patentes Nos EUA

Saber em qual tipo sua invenção se enquadra é essencial para escolher a proteção correta — e evitar erros no processo

  1. Patente de utilidade – cobre o funcionamento de uma invenção (a mais comum).

  2. Patente de design – protege o aspecto ornamental de um objeto (ex: forma de um frasco).

  3. Patente vegetal – cobre plantas cultivadas asexuadamente (ex: por enxerto).


O Que Não Pode Ser Patenteado?

  • Ideias abstratas, fórmulas matemáticas puras

  • Métodos mentais

  • Organizações humanas (ex: modelos de negócio genéricos)

  • Seres humanos, DNA natural ou clonagem

  • Programas de computador "puros" (sem efeito técnico concreto)


A Vida de Uma Invenção

As invenções possuem quatro estágios de vida do ponto de vista legal:

  1. Antes do depósito – proteja como segredo industrial.

  2. Patente pendente – após depósito, mas antes da concessão.

  3. Patente em vigor – proteção legal completa, com possibilidade de ação judicial.

  4. Patente expirada – invenção entra em domínio público.


Custos Envolvidos Nos EUA

Fazer tudo com um advogado pode custar entre US$ 5.000 e US$ 15.000, mas lendo os próximos posts você pode reduzir drasticamente esse custo fazendo você mesmo algumas partes. Parceiros nos EUA podem se beneficiar de taxas governamentais significativamente menores, especialmente para “microentidades”. Microentidades são indivíduos ou pequenas empresas com receita anual abaixo de US$ 200.000."

Nos próximos posts, você aprenderá como proteger sua invenção mesmo com orçamento limitado, passo a passo.

Tem dúvidas ou já passou por esse processo? Comente abaixo — sua experiência pode ajudar outros inventores!

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Conflitos de interesse de direitos de propriedade intelectual entre alunos, orientadores e Instituições.

Nesse episódio da sexta temporada episódio 8 de Young Sheldon, Shelson descobre uma oportunidade de negócio ao tentar comprar uma edição de um quadrinho raro. Sua frustração em não conseguir comprá-lo, o leva o a pesquisar em um forum (em plena internet discada do início dos anos 90) e por fim ele tem o insight de montar um banco de dados online, basicamente um marketplace. A aplicação para quadrinhos logo se expande. Assista o episódio e deixe seus comentários. Você já viveu algo semelhante? Conflicts of interest regarding intellectual property rights between students, advisors and institutions. In this episode of season six, episode 8 of Young Sheldon, Sheldon discovers a business opportunity when trying to buy an edition of a rare comic. His frustration at not being able to buy it leads him to research on a forum (in the middle of the dial-up internet of the early 90s) and finally he has the insight to set up an online database, basically a marketplace. The application for comics soon expands. Watch the episode and leave your comments. Have you ever experienced something similar?

domingo, 9 de julho de 2023

Quais são os pensamentos inúteis e como se livrar deles?

Este é um artigo diferente, em que o colunista dialoga e se manifesta sobre outro artigo, já escrito e divulgado na rede. Meu parceiro neste texto é James Altucher, investidor, programador, empreendedor e autor de seis livros. O texto original foi publicado no site TechCrunch.com no dia 3 de dezembro e, como é praxe na rede, lá ficou por algumas horas e foi-se, no caminho inevitável dos textos perdidos.

O título da matéria de Altucher era exatamente o título acima, e seu objetivo era listar o que ele chama de “pensamentos inúteis”, que devem ser sempre evitados por quem quer dedicar a vida ao sucesso. Aí vão, portanto, comentados e ampliados, Dez Caminhos (ou Não Caminhos) para o Sucesso. Altucher começa falando de sua vida:

Quando me separei de minha ex-mulher, em novembro de 2008, minha vida foi ao chão. Eram os tempos da crise financeira (como se os de hoje não fossem!), eu estava sozinho e passava as noites em hotéis baratos, enquanto o mundo caía à minha volta. Fechei uma startup que acabara de começar. Por quê ? Não sei, a ideia daquele site ainda é uma boa ideia, mas eu estava focado apenas na minha negatividade.

Nos anos anteriores, havia perdido a chance de investir no Google e no Foursquare. Eu perdi, eu me equivoquei, eu sofri, eu chorei. Todos nós temos sempre muito a lamentar. Que desperdício! Sei que é muito difícil passar a maior parte de um dia sem irritação, medo ou ansiedade, principalmente quando você começa um novo negócio. Eu quero ser sempre produtivo, saudável e feliz, mas reconheço que muitas vezes 80% dos meus pensamentos são negativos, inúteis. Resolvi então listar nove (na versão deste colunista mais um foi acrescentado) filtros que podemos usar para evitar pensamentos negativos. Aí vão eles:

1. Pensamentos pessimistas: julgar-se de maneira implacável é um deles, ou assumir que não somos bons em alguma coisa que nem tentamos. Julgar os outros de maneira implacável também é um equívoco e, na maioria das vezes, este é um julgamento não baseado na realidade, mas sim no meu desejo de ser o melhor. É sem dúvida um pensamento inútil.

2. Vícios: eles começam quando eu acordo, bem cedo. Quem me irritou tanto ontem? Será que estou bem quando me olho no espelho? Quando olho a foto de Larry Page numa revista, me sinto ridículo. Nenhum desses pensamentos me coloca mais próximo da felicidade ou do sucesso. Quem sabe pensar em comer um waffle no almoço ou fazer mais sexo pode ser melhor?

3. Perfeccionismo e vergonha: eu quero fazer mais dinheiro, eu quero que meus filhos me amem, eu quero uma mansão, eu quero ser famoso. Eu quero, eu quero, eu quero. Passamos a vida pensando em objetivos. E, se não os alcançamos, o que somos? O perfeccionismo é uma muleta, útil para explicar o fracasso, ou é isso ou nada. Se não alcançamos o destino imaginado, a vergonha passa a fazer parte da vida. Porque, quando eu tinha 10 milhões de dólares, eu queria 100. E com os 100, ainda me achava imperfeito, desamado, bom, mas não o suficiente, e, claro, continuava a ter ao meu lado, ou dentro de mim, vergonha e sensação de inutilidade em tudo que fazia.

Pensamentos perfeccionistas não são apenas inúteis, são destrutivos.

4. Ciúmes: são destrutivos e inúteis. Por que fulano vendeu sua empresa por 80 milhões e eu ainda trabalho como escravo para um escroque idiota e já estou chegando aos 30 anos? Este é um pensamento que o puxa para baixo, fazendo com que você viva menos do que pode. Quando você achar que só tem aspectos positivos e puros, pare e pense: e se não for assim, quem exatamente é você no fundo de sua alma e desejos? E se você não for exatamente quem pensa que é, quando tem o outro como referência? Ciúmes em geral lhe roubam criatividade, sinceridade,inovação e invenção.

5. Dores: qualquer lembrança histórica pode ser histérica. Dores que fazem parte do passado devem lá ficar. Evite sempre pensamentos dolorosos. Não somos santos e não viveremos nunca em dores e santidade.

6. Medo: tudo muda, logo logo eu envelhecerei ou, quem sabe, agora mesmo, vou falhar em algo que estou fazendo . Quem sabe um dia minha mulher Cláudia venha a me odiar (espero que não). É possível que meus filhos me odeiem. Já vi isso acontecer em muitas famílias de muitos modos, e o trabalho e o dinheiro quase sempre estão envolvidos nesses sentimentos. O medo do futuro é tão doloroso quanto as dores do passado. Cada um deles deve ser deixado em seus respectivos spam boxes mentais. Algumas pessoas vivem a vida como se hoje fosse seu último dia. Faça ao contrário, viva cada dia como se fosse o primeiro. Sempre um novo começo, tempo para o novo e para renovação da confiança.

7. Obsessão: possivelmente o maior destruidor de vidas e do tempo. Obsessão por pessoas, temas e adversários. Quando alguém está aborrecido comigo, simplesmente não aceito essa ideia. Tenho de provar que estou certo, que o outro, este sim, está, como sempre, errado. Não posso imaginar como e por que mereço esse tratamento humilhante. Eu estou certo! Não há dúvida!!

8. Tristeza: não quero dizer que tristeza é um sentimento “ruim”. Há muitos motivos na vida para vivermos e vivenciarmos tristezas. Mas certas pessoas se utilizam da tristeza para viver, até que isso se transforma num vício, numa desculpa para serem pessimistas profissionais. A felicidade é um caminho muito amplo e às vezes nos amedronta. A tristeza nos mantém dentro de nossas fronteiras, e essas fronteiras se transformam nas muralhas onde vive e prospera o pessimismo. O pessimismo é uma maneira de dizer a você mesmo: viva com pouco, arrisque pouco, pense pouco, viva pouco.

9. Viver uma vida útil: se você puser em prática o uso desses nove filtros, você usará seu cérebro e seus instintos de maneira a aprimorar os seguintes aspectos:

A) Nossa mente mais rapidamente se acostumará a perceber quando tem pensamentos inúteis.

B) Sua negatividade é uma rocha que às vezes se erode facilmente, às vezes, não.

C) Quando temos mais tempo para pensamentos positivos, aumentamos a produtividade, a simplicidade, a felicidade e a liberdade.

D) Nem todos os pensamentos inúteis são realmente inúteis. Não faça disso um credo ou uma certeza, apenas considere essa hipótese.

10. Finalmente o décimo mandamento, que vem ao mundo pelas mãos de Altucher e do cronista que vos fala: não acredite nunca plenamente e ordenadamente em qualquer ideia, nem mesmo nesta que acaba de lhe custar dez minutos de sua vida. Repense o que dissemos, reelabore e reflita sempre. Se você passar o restante de sua vida pensando apenas em espantar pensamentos inúteis, isso será também um pensamento inútil e poderá se transformar num pânico obsessivo. Viva e deixe viver, e os 500% de produtividade em breve estarão no seu colo, de uma forma ou de outra.

Boas festas e um produtivo e impecável 2012.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

The Founder Institute

Fonte: Pequenas Empresas, Grandes Negócios.

Quando decidiu criar o The Founder Institute, há dois anos, o empreendedor digital americano Adeo Ressi, 51 anos, tinha em mente uma escola diferente do padrão. Para ele, os alunos não precisariam, necessariamente, ter uma ideia brilhante na cabeça. O mais importante seria identificar traços da personalidade que revelassem, no futuro, pessoas capazes de construir e manter negócios digitais de sucesso. Deu certo. Em pouco tempo, o modelo conquistou alunos em 17 cidades do mundo e nada menos que 350 empresas de tecnologia foram fundadas. Outras 30 cidades, incluindo algumas no Brasil, devem abrigar uma unidade até o fim do próximo ano.

Funciona assim: durante quatro meses, os alunos fazem uma aula por semana, somente para aprender o significado de conceitos como liderança e estratégia. Para se inscrever e participar do processo seletivo, o candidato não precisa ter um plano de negócio. Não é exigida nem mesmo uma vaga noção daquilo que se deseja fazer. Segundo os coordenadores, o mais importante é mostrar “espírito empreendedor”, avaliado por meio de um teste elaborado pela instituição.

A taxa de aprovação não é alta: apenas 25% dos candidatos, em média, se mostram aptos. “Nós precisamos descobrir se o candidato tem os traços que podem fazer dele um empreendedor, porque existem coisas que não conseguimos ensinar. Por outro lado, podemos ajudá-lo a explorar o seu potencial ao máximo”, explica Jonathan Greechan, um dos sócios do The Founder Institute.

Graduar-se na instituição pode ser tão complicado quanto entrar na escola. Apenas metade dos estudantes aprovados consegue se formar. Não basta assimilar o conteúdo apresentado e tirar nota dez: é preciso mostrar capacidade de realização. Ou seja, abrir realmente uma empresa, construir, então, um bom plano de negócios e estar em contato permanente com investidores.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

De onde vêm as boas ideias - Steven Johnson

Dublagem: Editora Zahar

Steven Berlin Johnson é um norte americano que escreve sobre ciência. Já foi citado como um dos mais influentes pensadores do ciberespaço pelos periódicos Newsweek, New York Magazine e Websight. É editor-chefe e co-fundador da Feed, premiada revista cultural on-line. Johnson graduou-se em semiótica pela Brown University e em literatura inglesa pela Columbia University. É autor de Cultura da Interface (2001), publicado com sucesso no Brasil por esta editora. Nesse vídeo ele aborda idéias que estão em seu livro De onde vêm as boas ideias (220 páginas, R$ 36,00), publicado no Brasil pela Zahar, e explana sobre geração de idéias, foco, perseverança, conectividade e troca de idéias. Nada estranho para um empreendedor... Ao fim analisando o cenário da interconectividade parafraseia Pasteur "O acaso favorece a mente conectada".




Abaixo segue uma palestra que Steven apresentou no TED.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Fracasso como aprendizado – Aula Magna de J.K. Rowling (criadora do Harry Porter) em Harvard.

Vale a pena assistir essa palestra de 21 minutos onde J.K. Rowling profere uma palestra envolvendo os temas "fracasso" e "aprendizado" em Harvard no ano de 2008.

J.K. Rowling Speaks at Harvard Commencement from Harvard Magazine on Vimeo.


Presidente Faust, membros da Harvard Corporation e do Conselho de Supervisores, membros do corpo docente, pais orgulhosos e, acima de tudo, graduados.

A primeira coisa que gostaria de dizer é "obrigado". Uma situação ganha-ganha! Agora tudo o que tenho a fazer é respirar fundo, olhar de soslaio para as bandeiras vermelhas e me convencer de que estou na maior reunião da Grifinória do mundo.

Fazer um discurso de formatura é uma grande responsabilidade; ou assim pensei, até voltar à minha própria formatura. A oradora daquele dia foi a ilustre filósofa britânica Baronesa Mary Warnock. Refletir sobre o discurso dela me ajudou enormemente ao escrever este, porque não consigo me lembrar de uma única palavra do que ela disse. Essa descoberta libertadora me permite prosseguir sem qualquer medo de inadvertidamente influenciar você a abandonar carreiras promissoras nos negócios, na lei ou na política pelo prazer vertiginoso de se tornar um bruxo gay.

Você vê? Se tudo o que você lembra nos próximos anos é a piada do 'bruxo gay', saí na frente da baronesa Mary Warnock. Objetivos alcançáveis: o primeiro passo para o autoaperfeiçoamento.

Na verdade, tenho vasculhado minha mente e meu coração pensando no que devo dizer a vocês hoje. Eu me perguntei o que gostaria de ter aprendido em minha própria formatura e que lições importantes aprendi nos 21 anos que se passaram entre aquele dia e este.

Eu vim com duas respostas. Neste dia maravilhoso em que nos reunimos para celebrar o seu sucesso acadêmico, decidi falar com você sobre os benefícios do fracasso. E como você está no limiar do que às vezes é chamado de “vida real”, quero exaltar a importância crucial da imaginação.

Essas escolhas podem parecer quixotescas ou paradoxais, mas, por favor, tenha paciência comigo.

Olhar para trás, para a jovem de 21 anos que eu era na formatura, é uma experiência um pouco desconfortável para a jovem de 42 anos que ela se tornou. Metade da minha vida atrás, eu estava encontrando um equilíbrio difícil entre a ambição que tinha para mim e o que as pessoas mais próximas esperavam de mim.

Eu estava convencido de que a única coisa que eu queria fazer, sempre, era escrever romances. No entanto, meus pais, ambos de origem pobre e nenhum dos quais havia feito faculdade, achavam que minha imaginação hiperativa era uma peculiaridade pessoal divertida que nunca pagaria uma hipoteca ou garantiria uma pensão. Eu sei que a ironia ataca com a força de uma bigorna de desenho animado, agora.

Então eles esperavam que eu fizesse um curso profissionalizante; Eu queria estudar Literatura Inglesa. Chegou-se a um acordo que, em retrospectiva, não satisfez ninguém, e fui estudar Línguas Modernas. Mal o carro dos meus pais dobrou a esquina no final da estrada, abandonei o alemão e corri pelo corredor dos clássicos.

Não me lembro de ter dito a meus pais que estava estudando os clássicos; eles podem muito bem ter descoberto pela primeira vez no dia da formatura. De todos os súditos deste planeta, acho que seria difícil citar um menos útil do que a mitologia grega quando se tratava de garantir as chaves de um banheiro executivo.

Gostaria de deixar claro, entre parênteses, que não culpo meus pais por seu ponto de vista. Existe um prazo de validade para culpar seus pais por levá-lo na direção errada; no momento em que você tem idade suficiente para assumir o volante, a responsabilidade recai sobre você. Além disso, não posso criticar meus pais por esperarem que eu nunca passasse pela pobreza. Eles próprios eram pobres, e desde então eu sou pobre, e concordo plenamente com eles que não é uma experiência enobrecedora. A pobreza acarreta medo, estresse e, às vezes, depressão; significa mil pequenas humilhações e sofrimentos. Sair da pobreza por seus próprios esforços, isso é realmente algo para se orgulhar, mas a própria pobreza é romantizada apenas por tolos.

O que eu mais temia para mim na sua idade não era a pobreza, mas o fracasso.

Na sua idade, apesar de uma clara falta de motivação na universidade, onde eu passava muito tempo na cafeteria escrevendo histórias e muito pouco tempo em palestras, eu tinha um talento especial para passar nos exames, e isso, durante anos , tinha sido a medida do sucesso em minha vida e na de meus colegas.

Não sou tolo o suficiente para supor que, por ser jovem, talentoso e bem-educado, nunca passou por dificuldades ou desgosto. Talento e inteligência nunca vacinaram ninguém contra o capricho das Parcas, e nem por um momento suponho que todos aqui tenham desfrutado de uma existência de privilégio e contentamento imperturbáveis.

No entanto, o fato de você estar se formando em Harvard sugere que você não está muito familiarizado com o fracasso. Você pode ser movido tanto pelo medo do fracasso quanto pelo desejo de sucesso. De fato, sua concepção de fracasso pode não estar muito longe da ideia de sucesso de uma pessoa comum. idéia de sucesso, você já voou tão alto.

Em última análise, todos nós temos que decidir por nós mesmos o que constitui falha, mas o mundo está ansioso para lhe dar um conjunto de critérios, se você permitir. Portanto, acho justo dizer que, por qualquer medida convencional, apenas sete anos após o dia da minha formatura, eu havia falhado em escala épica. Um casamento excepcionalmente curto implodiu e eu estava desempregado, pai solteiro e tão pobre quanto é possível na Grã-Bretanha moderna, sem ser um sem-teto. Os medos que meus pais tinham por mim e que eu tinha por mim mesmo se concretizaram e, de acordo com todos os padrões usuais, eu era o maior fracasso que conhecia.

Agora, não vou ficar aqui e dizer que o fracasso é divertido. Aquele período da minha vida foi sombrio e eu não tinha ideia de que haveria o que a imprensa desde então representava como uma espécie de resolução de conto de fadas. Eu não tinha ideia até onde o túnel se estendia e, por muito tempo, qualquer luz no fim dele era mais uma esperança do que uma realidade.

Então, por que falo sobre os benefícios do fracasso? Simplesmente porque o fracasso significava despojar-se do que não era essencial. Parei de fingir para mim mesmo que não era nada além do que era e comecei a direcionar toda a minha energia para terminar o único trabalho que importava para mim. Se eu realmente tivesse sucesso em qualquer outra coisa, talvez nunca tivesse encontrado a determinação para ter sucesso na única área à qual acreditava realmente pertencer. Fui libertado porque meu maior medo havia se concretizado, e eu ainda estava vivo, e ainda tinha uma filha que adorava, uma velha máquina de escrever e uma grande ideia. E assim o fundo do poço se tornou a base sólida sobre a qual reconstruí minha vida.

Você pode nunca falhar na escala que eu falhei, mas algumas falhas na vida são inevitáveis. É impossível viver sem falhar em alguma coisa, a menos que você viva com tanta cautela que é como se não tivesse vivido nada – nesse caso, você falha por padrão.

O fracasso me deu uma segurança interior que eu nunca havia alcançado ao passar nos exames. O fracasso me ensinou coisas sobre mim que eu não poderia ter aprendido de outra maneira. Descobri que tinha uma vontade forte e mais disciplina do que suspeitava; Também descobri que tinha amigos cujo valor estava realmente acima do preço de rubis.

O conhecimento de que você saiu mais sábio e mais forte dos contratempos significa que você está, para sempre, seguro em sua capacidade de sobreviver. Você nunca conhecerá verdadeiramente a si mesmo, ou a força de seus relacionamentos, até que ambos tenham sido testados pela adversidade. Tal conhecimento é um verdadeiro presente, por tudo o que foi conquistado com dificuldade, e valeu mais do que qualquer qualificação que já ganhei.

Então, dado um Vira-Tempo, eu diria ao meu eu de 21 anos que a felicidade pessoal está em saber que a vida não é uma lista de verificação de aquisições ou conquistas. Suas qualificações, seu currículo, não são sua vida, embora você encontre muitas pessoas da minha idade e mais velhas que confundem os dois. A vida é difícil e complicada e está além do controle total de qualquer pessoa, e a humildade de saber isso permitirá que você sobreviva a suas vicissitudes.

Agora você pode pensar que escolhi meu segundo tema, a importância da imaginação, por causa do papel que desempenhou na reconstrução de minha vida, mas não é totalmente assim. Embora eu defenda pessoalmente o valor das histórias para dormir até o último suspiro, aprendi a valorizar a imaginação em um sentido muito mais amplo. A imaginação não é apenas a capacidade exclusivamente humana de visualizar o que não é e, portanto, a fonte de toda invenção e inovação. Em sua capacidade indiscutivelmente mais transformadora e reveladora, é o poder que nos permite ter empatia com humanos cujas experiências nunca compartilhamos.

Uma das maiores experiências formativas da minha vida precedeu Harry Potter, embora tenha informado muito do que escrevi posteriormente nesses livros. Essa revelação veio na forma de um dos meus primeiros empregos. Embora eu estivesse caindo para escrever histórias durante meu horário de almoço, paguei o aluguel aos 20 e poucos anos trabalhando no departamento de pesquisa africana na sede da Anistia Internacional em Londres.

Ali, em meu pequeno escritório, li cartas rabiscadas às pressas contrabandeadas de regimes totalitários por homens e mulheres que arriscavam a prisão para informar ao mundo exterior o que estava acontecendo com eles. Vi fotos daqueles que desapareceram sem deixar rastros, enviadas à Anistia por seus familiares e amigos desesperados. Li o testemunho de vítimas de tortura e vi fotos de seus ferimentos. Abri relatos manuscritos de testemunhas oculares de julgamentos sumários e execuções, de sequestros e estupros.

Muitos de meus colegas de trabalho eram ex-presos políticos, pessoas que foram deslocadas de suas casas ou fugiram para o exílio, porque tiveram a ousadia de falar contra seus governos. Os visitantes de nossos escritórios incluíam aqueles que vinham dar informações ou tentar descobrir o que havia acontecido com aqueles que haviam deixado para trás.

Jamais esquecerei a vítima de tortura africana, um jovem não mais velho do que eu na época, que ficou mentalmente doente depois de tudo o que passou em sua terra natal. Ele tremia incontrolavelmente enquanto falava para uma câmera de vídeo sobre a brutalidade infligida a ele. Ele era trinta centímetros mais alto do que eu e parecia frágil como uma criança. Depois disso, fui encarregado de acompanhá-lo de volta à estação de metrô, e esse homem cuja vida havia sido destruída pela crueldade pegou minha mão com requintada cortesia e me desejou felicidades futuras.

E enquanto eu viver vou me lembrar de andar por um corredor vazio e de repente ouvir, por trás de uma porta fechada, um grito de dor e horror como nunca ouvi desde então. A porta se abriu e a pesquisadora colocou a cabeça para fora e me disse para correr e fazer uma bebida quente para o jovem sentado com ela. Ela acabara de dar a ele a notícia de que, em retaliação por sua própria franqueza contra o regime de seu país, sua mãe havia sido capturada e executada.

Todos os dias da minha semana de trabalho, aos 20 e poucos anos, eu me lembrava de como era incrivelmente sortudo por viver em um país com um governo eleito democraticamente, onde a representação legal e um julgamento público eram direitos de todos.

Todos os dias, via mais evidências sobre os males que a humanidade infligiria a seus semelhantes, para ganhar ou manter o poder. Comecei a ter pesadelos, pesadelos literais, sobre algumas das coisas que vi, ouvi e li.

E, no entanto, também aprendi mais sobre a bondade humana na Anistia Internacional do que jamais soube.

A Anistia mobiliza milhares de pessoas que nunca foram torturadas ou presas por suas crenças para agir em nome daqueles que foram. O poder da empatia humana, levando à ação coletiva, salva vidas e liberta prisioneiros. Pessoas comuns, cujo bem-estar pessoal e segurança estão garantidos, se unem em grande número para salvar pessoas que não conhecem e que nunca conhecerão. Minha pequena participação nesse processo foi uma das experiências mais inspiradoras e inspiradoras da minha vida.

Ao contrário de qualquer outra criatura neste planeta, os humanos podem aprender e entender, sem ter experimentado. Eles podem se imaginar no lugar de outras pessoas.

Claro, este é um poder, como minha marca de magia fictícia, que é moralmente neutro. Pode-se usar essa habilidade para manipular ou controlar tanto quanto para entender ou simpatizar.

E muitos preferem não exercitar a imaginação. Eles escolhem permanecer confortavelmente dentro dos limites de sua própria experiência, nunca se preocupando em imaginar como seria ter nascido diferente deles. Eles podem se recusar a ouvir gritos ou espiar dentro de gaiolas; podem fechar a mente e o coração a qualquer sofrimento que não os atinja pessoalmente; eles podem se recusar a saber.

Posso ficar tentado a invejar as pessoas que conseguem viver dessa maneira, mas não acho que tenham menos pesadelos do que eu. Escolher viver em espaços estreitos leva a uma forma de agorafobia mental, e isso traz seus próprios terrores. Acho que os deliberadamente sem imaginação veem mais monstros. Eles costumam ter mais medo.

Além do mais, aqueles que optam por não ter empatia habilitam verdadeiros monstros. Pois, sem nunca cometermos um ato de maldade absoluta, somos coniventes com ele, por meio de nossa própria apatia.

Uma das muitas coisas que aprendi no final daquele corredor dos Clássicos pelo qual me aventurei aos 18 anos, em busca de algo que então não poderia definir, foi isto, escrito pelo autor grego Plutarco: O que alcançamos interiormente mudará realidade externa.

Essa é uma afirmação surpreendente e ainda comprovada milhares de vezes todos os dias de nossas vidas. Expressa, em parte, nossa conexão inescapável com o mundo exterior, o fato de tocarmos a vida de outras pessoas simplesmente por existir.

Mas quanto mais vocês, formados em Harvard em 2008, estão mais propensos a tocar a vida de outras pessoas? Sua inteligência, sua capacidade de trabalho árduo, a educação que você conquistou e recebeu lhe conferem um status único e responsabilidades únicas. Até a sua nacionalidade o diferencia. A grande maioria de vocês pertence à única superpotência remanescente no mundo. A maneira como você vota, como vive, como protesta, a pressão que exerce sobre seu governo tem um impacto muito além de suas fronteiras. Esse é seu privilégio e seu fardo.

Se você optar por usar seu status e influência para levantar sua voz em nome daqueles que não têm voz; se você escolher se identificar não apenas com os poderosos, mas com os impotentes; se você mantiver a capacidade de se imaginar na vida daqueles que não têm suas vantagens, não serão apenas suas famílias orgulhosas que celebrarão sua existência, mas milhares e milhões de pessoas cuja realidade você ajudou a mudar. Não precisamos de mágica para mudar o mundo, já carregamos dentro de nós todo o poder de que precisamos: temos o poder de imaginar melhor.

Estou quase terminando. Eu tenho uma última esperança para você, que é algo que eu já tinha aos 21 anos. Os amigos com quem me sentei no dia da formatura são meus amigos para toda a vida. Eles são os padrinhos dos meus filhos, as pessoas a quem pude recorrer em momentos difíceis, pessoas que foram gentis o suficiente para não me processar quando usei seus nomes como Comensais da Morte. Em nossa formatura, estávamos ligados por um enorme afeto, por nossa experiência compartilhada de um tempo que nunca mais poderia voltar e, é claro, pelo conhecimento de que tínhamos certas evidências fotográficas que seriam excepcionalmente valiosas se algum de nós concorresse a primeiro-ministro. .

Então, hoje, desejo a você nada melhor do que amizades semelhantes. E amanhã, espero que, mesmo que você não se lembre de uma única palavra minha, você se lembre das de Sêneca, outro daqueles velhos romanos que conheci quando fugia pelo corredor dos Clássicos, em retirada de carreiras, em busca de sabedoria antiga:
Como é um conto, assim é a vida: não quanto tempo dura, mas quão bom é, é o que importa.
Desejo a todos muito boas vidas.
Muito obrigado.